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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estrabismo

— Só porque não olho diretamente nos olhos dela não significa que eu a ame. Eu posso sofrer de estrabismo.

— Significa sim.

— E como você tem tanta certeza?

— Você me olha nos olhos agora, e eu sou apenas seu grande amigo.

Silêncio.

— Que houve?

Silêncio.

— Para de olhar para minha orelha e me diz logo o que houve!

— Estou olhando para seus olhos agora.

Desnecessário

   Não conseguir fechar os olhos, sem imaginar que será enganada. Não conseguir olhar o seu com o outro sem imaginar milésimas intenções. Ver maldade em gestos simples. Ver promiscuidade na tentativa de toque. Morrer por dentro. Medo de perder. Mas perder o que? Não existe posse de alguém. As pessoas são do mundo e não nossas. Não é sua. É minha. Não.

   Ver no desnecessário o lado ruim. Porque essa palavra, desnecessário, deveria ter um significado bom. Eu abri a porta para você passar, mesmo sendo desnecessário. Eu liguei para te dar bom dia, mesmo sendo desnecessário. Eu disse que te amava, mesmo que não seja necessário que eu te diga isso, porque o mundo inteiro já o sabe. Mas o desnecessário tem essa conotação negativa porque sempre parte dos outros. Como se tudo o que fizéssemos tivesse um motivo, uma razão de ser. Uma necessidade de acontecer.

   Não tinha necessidade alguma eu me sentir assim, desconfiada de tudo. Insegura com tudo. Mas eu não escolho, é genuíno.

   O ciume é desnecessário. Assim como o amor que te tenho. Não tem porquê. É sem querer. Sem precisar existir. Mas existe. É desnecessário.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Meio

Tenho que procurar
Alguém que seja só meu
Que tenha um passado
Do qual já se esqueceu
Cujos ex-amantes
Sejam apenas bons amigos
E que não tentem nunca
Disputá-la comigo
Se não se importar,
Eu só queria
Que saísse do caminho
Se eu insistir em ti
Terminarei sozinho
Não é que não sejas
Boa pra mim
O problema é sê-lo para tantas outras pessoas
E eu odeio, mas preciso
Desfazer-me disso
Afastar-me do que gosto
Porque te quero,
Mas só pra mim
E não quero ser o motivo
Não quero ser a pessoa
Que atrapalha teus outros relacionamentos
Não quero ser a pedra no meio do caminho
Eu quero ser o meio
O início
E fim.

Advertência

Certa vez me perguntaram: "pra quem você fez esse poema?". Respondi: "pra mim, oras!". Olham-me com cara de "sério, Mariana, pra quem?" toda vez que respondo isso. Não é uma resposta evasiva, eu, realmente, escrevo pra mim.

E a criatividade do autor, como fica? Por que ninguém acredita que um texto foi inventado, e não inspirado em algum acontecimento da vida real? Eu minto tantas vezes para os meus amigos, por que eu não poderia inventar um texto? Brincadeira, lógico.

Alguns textos são, sim, inspirados em pessoas especiais para mim. Mas vocês nunca irão saber.

Isso é uma advertência, apenas. É bem possível que haja alguma coisa para você, mas pode ser inventado. Então, por favor, não me perguntem "pra quem é esse poema?", porque eu não direi.

Obrigada.

Ps: que engraçado eu usando vocativos como "você" e "leitor" sendo que eu criei o blog hoje, né?

Vinte e Oito de Novembro

   Enquanto eu terminava de lavar minhas mãos no banheiro, antes de me sentar à escrivaninha de meu quarto e desembestar a escrever, pensava em como ia começar este texto que agora surge. Não sei se devo iniciá-lo pela última coisa que me ocorreu hoje ou se pelo primeiro raio de sol, que veio anunciando um dia inesquecível — não sei se bom ou ruim, mas marcante, é fato. Só sabia de uma coisa: escreveria sobre hoje.

   Agora, comendo um petisco artificial e, mais uma vez, estragando minha dieta que tivera início há uns quatro anos, acabo de perceber uma coisa: o parágrafo anterior não deixou de ser um início.

Vou começar pelo princípio, falando em Machado de Assis — eu, prepotente, comparando meu estilo ao de um dos maiores autores da literatura brasileira. Brincadeira, obviamente. Pois foi com Machado que meu dia teve começo.

   Tivemos que ler Memorial de Aires para fazer uma prova de Introdução à Teoria ds Literatura às oito da manhã. Terminei de ler o livro meia hora antes de a aula começar. Para a infelicidade — e não surpresa — de todos, a prova estava dificílima. O professor cobrou detalhes dos quais até o próprio Machado de Assis se esqueceria! Normal. Coisas de Sobral.

   Breve pausa para lamber meus dedos, completamente sujos de farelo do que restou de meu lanche.

   Onde eu estava? Ah! Na UnB!

   Pois fomos as quatro — Bárbara, Kamila, Thaís e eu — para a cafeteria do Pavilhão João Calmon depois da bendita prova. Precisávamos terminar de montar nosso seminário de Introdução à Linguística. Rimos muito, como é costume nosso, mas isso não vem ao caso. Não que esses momentos felizes não sejam importantes, ao contrário! Mas já os guardo com um sorriso no rosto e paz no coração. Acontece que, hoje, quero guardar no papel apenas as desgraças e desventuras. Veio-me esse desejo.

   Assim que chegamos à sala, fomos informadas de que não havia caixa de som. Adivinhe: nosso trabalho era metade vídeos. Deus, com piedade de nós, iluminou-me com uma lembrança: o pai de Thaís trabalha com internet na UnB.

   Correndo — da chuva e contra o tempo — chegamos à sala de informática e conseguimos as benditas caixas de som.

   Apresentamos o trabalho. Arrasamos, modéstia à parte. À parte nada! Modéstia ausente. Fomos, sim, o melhor grupo.
  Ao final da aula, recebo uma mensagem de texto da minha irmã: "Minha mãe esqueceu o celular em casa. Ela vai te pegar no ponto de ônibus."

   Como se existisse apenas um ponto de ônibus!

   Xinguei, óbvio. Xinguei muito. Praguejei. Amaldiçoei. Quase chorei. Vi... Uma chamada perdida de um número desconhecido. Era a amiga de minha mãe, me dizendo que esta me esperava no Mc Donald's, e não no ponto de ônibus, como afirmara a acéfala da minha irmã.

   Xinguei novamente.

   Ônibus nenhum passava. Num lapso de ódio e de "tenha pena de mim", liguei para meu pai. Ele não podia me buscar. Sugeriu que eu instaurasse o Comunismo nos Estados Unidos. Mentira, sugeriu que eu pedisse um taxi para minha mãe pagar, que é quase a mesma coisa. Deus, mais uma vez com misericórdia de mim, fez com que um ônibus parasse — felizmente, o que chega à L2 Sul sem passar pela Esplanada.

   Minha mãe não reclamou dessa vez. Também não havia sequer meia razão para culpar-me.

   Cheguei em casa, comi horrores e, não, não irei à academia. Foda-se.

   No ônibus, escrevi umas notas e pensei em escrever este texto. Já me dá preguiça...

   "Renuncio ao conforto dos bons sapatos em troca de uma boa noite de sono". Foi o que escrevi, referindo-me a minha tão sonhada saída de casa — quando irei abrir mão do conforto físico e material para buscar o conforto da alma.

   Era o que eu pretendia: fazer um texto sobre minha liberdade. Mas esqueci que sou preguiçosa. E quero entrar no chat e ver se falo com alguém.

   Considere isso um texto, leitor.

   Leitor... Quem lerá isso senão eu mesma?

Para Minha Amiga Natuzza

Natuzza,

Eu acho bom você ler esse blog todos os dias e sempre fazer um comentário, porque foi por sua causa que criei isso aqui.

Te amo.

O Porquê do Título

Já faz um tempo que muitas pessoas me pedem para fazer um blog. Sempre adiei essa tarefa por ser extremamente preguiçosa. Mas, ontem, ao escrever sobre meu dia, me veio essa vontade de registrar alguns textos meus.

Passei a noite inteira pensando em que nome daria ao meu blog. A noite inteira é exagero, já que durmo antes mesmo de deitar na cama. Mas, enfim, passei um tempo razoável pensando nisso. Tentei me inspirar nos blogs de algumas amigas minhas, todos com nomes fortes ou meigos. Então percebi que, se escolhesse um título semelhante, eu não estaria sendo fiel à minha personalidade. E já basta dessa história de fingir ser outra pessoa.

Por isso, leitor, (se é que alguém vai ler isso aqui)é que meu blog se chama O Meu Blog Não Tem Nome Bonito. Porque eu não achei nome melhor para representar minha preguiça de criar esse tipo de coisa.