Total de visualizações de página

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do Mundo

Você que reclama de quem ta falando do fim do mundo não está automaticamente falando de fim de mundo também que contradição ai meu Deus agora sou eu?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Amor de metrô

Motorista, vai devagar
Cada um tem sua hora de chegar
Diminui a velocidade
Pra gente perceber a realidade
Que esses linhas amarelas na janela
Podem ser as flores mais belas
Quero ficar aqui mais um pouquinho
Então segue o caminho
Bem de mansinho
Vai sem pressa, por favor
Pra eu poder olhar meu amor
O meu breve amor de metrô

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Receita para não se apaixonar

Receita para não se apaixonar:













Pensamento do teu sim

O que eu te diria se um dia
Notasse um olhar teu distinto
Clarão de luar
Se notasses alguma vez que minto
Para conter alegrias
De te ver passar
De me arrancar
Do peito tudo o que eu podia dar

Tenho medo de me arriscar
Me atirar em um abismo
Que só existe pra mim
E só o pensamento do teu sim
Me envolve em nervosismo
Me deixa sem ar
Faz-me sufocar
Palavra e olhar
Vão se apagar

O amor é algo tão indeciso
Não sei se dele eu preciso
Ou preciso me livrar
Como eu poderia interpretar
Algo tão impreciso
Que cabe no mar
Mas cabe num olhar
E que o meu peito não pode suportar

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Chá de amora

Se eu tomasse um mingau de maizena
Esse frio do meu estômago iria embora
E pra essa tremedeira
Igual a do pai da Flora?
Uma reza de benzedeira
Ou um chá de amora?

Reticências

E onde eu boto um ponto final
Você vem e bota mais dois
Prolongando  meus dias "down"
Misturando feijão com arroz
Gerundiando meus particípios
Contradizendo meus princípios
Interrogando minhas exclamações
Inventando amor em minhas canções
Eu quis dar um fim
Mas você deu um "in"
Inacabado
Infinito
Insuportável

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Eu não sei sambar

Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Não é assim tão simples
Como dois pra lá e dois pra cá
Esse negócio de pisar na barata
Não é comigo
Eu gosto de samba, sim
O samba é meu amigo
Por favor, morena, entende o que eu digo
O problema são meus pés
Não é timidez
Frescura
Ou mau gosto musical
O que acontece é que
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Quem foi que disse que o samba
Precisa estar na sola do sapato?
Ele está no meu coração
Na feijoada no meu prato
O samba está no pandeiro
Na saia da moça
E no sorriso
O samba está nessa canção que eu improviso
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Por favor, Marina Morena
Não se chateie com seu preto
Sei que samba desde pequena
E com isso eu não me meto!
Agora, amor, não peça
Não me peça pra sambar
Que eu mato esse povo de rir
E os seus pés de tanto pisar
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar
Eu não sei sambar, amor
Eu não sei sambar

sábado, 4 de agosto de 2012

Amor Traiçoeiro

— Vô, o que é amor?
Seu Antônio abaixa a chave de fenda e para por uns instantes de consertar seu amado rádio velho. Volta-se para a neta, e inclina o queixo para baixo, mirando-a com os olhos por cima dos óculos, como se duvidasse da eficácia das lentes e as culpasse por aquela cena desconfortável.
– Como assim, minha querida? - perguntou, com a testa franzida, como se não tivesse ouvido, na esperança de ter mais tempo para pensar numa resposta adequada.
— Eu sei que o senhor ouviu! Só a minha avó acredita na sua surdez.
— Não se trata de não escutar, meu anjo, mas de não entender. Seja mais específica...
— Eu não posso ser mais específica se não sei o que é amor... Quero apenas um conceito.
— Bem... O amor é... Ora! O amor não se explica! O amor se sente, bem lá no fundo do nosso coração - disse, encostando a ponta da chave de fenda no peito esquerdo de sua neta.
— Mas o que exatamente se sente? Dói?
— Bem, isso depende de quem se ama, de como se ama... Por que a pergunta, querida?
— Nada, só queria saber os sintomas.
— Sintomas?
O velho deu uma gargalhada gostosa que acabou por desencadear uma crise de tosse. Foi obrigado a tirar os óculos para enxugar uma lágrima que caiu da força que usou para rir. Balançando a cabeça e ainda rindo um pouco, limpou as lentes na ponta de sua blusa e colocou os óculos de volta, olhando fixamente sua neta.
– Sintomas, meu anjo? E onde já se viu alguém ir ao médico por estar sofrendo de amor?
— O que eu quero dizer é que... Bem, quero saber o que se sente quando se ama, para que, um dia, se isso acontecer, eu não seja pega de surpresa.
— Mas se essa é a graça do amor! Ele pega a gente totalmente desprevenido! Ele é injusto, é traiçoeiro, é astuto! Não se pode prever não! Você está lá, tranquilo, e ele vem e pimba! Derruba e você nem percebe.
— Não se eu já estiver preparada.
— Minha querida, ninguém se prepara para o amor. Ouça seu avô... Um dia ele vai chegar e você vai entender o que estou dizendo.
A jovem desiste de argumentar e finge que acredita no que acabou de ouvir. O avô volta a mexer no velho rádio e finalmente consegue consertá-lo. Procura uma estação e, como se o destino o presenteasse, começa a tocar uma canção de seus tempos de jovem.
– Ah! Isso sim é que é música! Que voz, que mulher!
Retira sua boina, se curva e pega a mão de sua neta, tirando-a para dançar.
– Você pergunta o que é amor? Isso é amor!
— Isso o que? O que ela diz na música?
— O que ela diz na música não importa. Quando você conseguir ouvir essa música com o coração, não somente com os ouvidos, você vai saber o que é amor.
— É velha...
— É clássica, meu anjo. Clássica!
— Então o amor é isso?
— Não desdenhe, querida, não desdenhe.
E a melodia guiou os passos do senhor romântico e da jovem descrente. Por dois minutos apenas. Tempo de o rádio parar de funcionar novamente e arrancar gritos de Seu Antônio e risos de Joana.
— Realmente, vovô... O amor é traiçoeiro.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Castelo de Cartas

Os sentimentos que tenho são estes aqui:
Bem na superfície da minha pele
A lágrima
O sorriso
O arrepio
Sempre fui saudável
Sempre fui inabalável
Poucas vezes proferi a palavra
"Inacreditável"
Andava cheia de certezas
Eu era cética
Ética
Quase patética
Como boa virginiana,
De uma disciplina espartana,
Tratei meus sentimentos com a mesma frieza
A mesma destreza
Com a qual arrumava, meticulosamente, os enfeites da mesa
E então vem Shiva para destruir a fortaleza que Vishnu construiu
É como se alguém assoprasse meu castelo de cartas
E me desse uma vontade demente de sorrir
É assim toda vez que você aparece
Meu coração bate como um mar em fúria,
Mas meus olhos transbordam felicidade
É um equilíbrio caótico
De repente eu me vejo permitindo
Que troquem os garfos de lugar
Que deixem as roupas no chão
Que estalem os dedos das mãos
Que ponham os pés no sofá
Que me mostrem o que é amar
Eu me vejo permitindo
E achando lindo
Que alguém agite
Minha vida de manias e tiques
E que me toque lá no fundo
Onde jamais tocou
Qualquer coisa do mundo

Ali Ter Ação

Uma dor
Um ardor
Bem
Onde
A onda
Da bunda
Se esconde

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Poema para a Esposa Grávida

Eu gosto de te fazer sorrir

Mas tenho medo de que,

Quando for rir,

Botar muita força

E começar a parir

De não ser rápido

Pra segurar o Davi

Quando ele cair

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobral

Contava as mesmas piadas

Que fazia há seculos,

Quando Cristo ainda era vivo.

Dava a mesma aula

Por gerações e gerações

Implantou o desespero nos corações

De jovens amantes da Literatura

Sua cabeça branca,

Pela idade e pelo pó de giz,

Lembrava o nome de todos os autores

Até do mais infeliz

E tinha um poder de persuasão tão efetivo,

Que fazia com que odiassem

O mais belo livro

Este poder é bastante visível

Na prova mais difícil

Que alguém poderia elaborar

Queria detalhes impossíveis de lembrar

Como o nome de um personagem coadjuvante

A flor do perfume da dama

Ou quantas penas tinha um cocar

Mas não se deixe enganar

Pelas broncas e histórias maçantes

Por debaixo daqueles pares de óculos e suspensórios,

Há uma pessoa brilhante.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Rima clichê

Eu queria fazer um poema
Com rimas, métrica e aliterações
Ou com qualquer coisa
Que se assemelhasse às canções
De Marisa Monte, Chico e Caetano
Não quero cantar um amor leviano
Ou um amor de um instante
Quero um amor duradouro,
De bronze ou de ouro
Eternizá-lo na estante
Queria falar da tua cor
Mas sem rimar com amor,
Que amor rima uma criança
Que de amor e dor todo mundo cansa
Queria falar do teu olhar
Sem compará-lo à luz do luar,
Que é rima clichê
E a lua todo mundo vê
Não quero falar de amores antigos
Não quero visitar o que em mim há de mais íntimo
Quero uma nova cor
Um novo ritmo
Aquilo que acabou de tocar
A superfície
Eriçando os pelos
Deixando seu cheiro,
A memória
E o estrago no peito
Quero aquilo que me faz chorar
Uma tolice
Que me arranca os cabelos
Num tiro certeiro
Que me transborde de glória
Toda vez que eu deito
Este poema é pra você,
Pra Marina,
Pra Carolina e a Sebastiana
Para quem quer um amor claro
Simples
E belo
Como os versos de Mário Quintana

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Lurdinha das Gramáticas

Água com gás
Cigarrinho
E chiclete
Se você não entendeu,
Lurdinha repete:
"Gente, a Gramática não é filosófica"
Fica repetindo
E repetindo
E repetindo
Tudo o que eu sei é:
"Período alexandrino"
Bolo de chocolate
Bolo de maracujá
Pão com manteiga
Pão com canela
Pão de cocada
"Professora, está na hora de fazer a chamada"
Macaco grande
Macaco pequeno
"Gente, vocês tão entendendo?"
Neve cadu
Neve shifu
Caindo no quintalzinho do meu iglu
Mas não pense que este é um assunto sem relevância!
Afinal, a neve pode matar uma criança
Lurdes pro Guilherme
Lurdes pra Thaís
Lurdes pro macaco Raí
Lurdes pro Teatro
Lurdes pro Palatão,
Pro Aristótlis e pro Soca
Lurdes pra você e eu
E a pergunta é:
"Entendeu?"

domingo, 6 de maio de 2012

Ela

Usando de seus truques, ela descobriu

Que gostavam dela

E era verdade

Já haviam se passado um milhão de mensagens

E olhares que diziam outra coisa,

Não só brincadeira

E ela foi certeira

Deu uma indireta

Jogou um verde

E todo o flerte

Agora estava revelado

Passou a se preocupar mais

Passou a se arrumar mais

Calcinha bege?

Jamais!

Enfeitou os olhos que, até então, ninguém sabia que eram verdes

Pintou os lábios dos quais não saía palavra alguma

E botou o seu vestido mais Geise

Porque sabia que, de alguma forma,

Suas pernas faziam palpitar um coração

Muito mais que um coração, pra falar a verdade

Ela descobriu que gostavam dela

Nos pequenos gestos, nas coisas mais belas

Num ceder o lugar próximo à janela

Num oferecer de um Trident de canela

No olhar invejoso da Marcela

No amor escondido que agora revela.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Apenas

Para decorar a sala
Uma mesa
Mas não uma mesa qualquer
Uma de pernas bonitas
Ornamentadas
Mas sem nada
Num estilo barroco
E um pano leve que lhe cubra
Como um vestido
E que mostre
As pernas
Apenas

quarta-feira, 14 de março de 2012

Doa

Eu não posso querer que você me dê exatamente aquilo que te dou. Mesmo porque quem ama de verdade o faz a troco de nada.
Não, eu não posso exigir que você me ligue quando chega em casa, só porque essa é a primeira coisa que faço quando abro a porta. Nem que me traga o café na cama, porque eu assim o faço. Ou que me escreva bilhetes de amor.
Porque você é tímida demais para fazer uma ligação, não sabe preparar nem um macarrão instantâneo e se diz um desastre para expressar, em palavras, aquilo o que sente.
Tudo bem... Tudo bem.
Eu aprendi que cada um tem seu jeito de amar. E temos que aceitar isso. Temos que confiar.
Por mais que doa em quem mais doa.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Nem queria...

Eu nem queria te namorar
Não queria que tudo desse certo mesmo
Não queria você batendo na porta da minha casa
No meio da madrugada
Só pra me dizer
Que terminou com sua namorada
Nem queria que você pegasse a minha mão
Nem que me levasse ao cinema
Eu não!
Já pensou que horror?
Você abrindo a porta do seu Doblô
Só pra eu entrar
E se você achasse no rádio uma estação
Que traduz em músicas o que se passa em meu coração?
Já pensou que brega...
Você perguntando que horas me pega
Pra gente fazer um piquenique no domingo
Ou me fazendo carinho enquanto eu estivesse dormindo
Eu nem queria te namorar
 Eu nem torci pra você acabar
Pra gente começar
Eu nem acho seu sorriso perfeito
Eu nem gosto do movimento do seu cabelo
O vibrar do meu celular
Nem faz palpitar meu peito
Na verdade eu gosto de tudo como está agora
Eu no meu canto e você indo embora
Porque eu nunca signifiquei nada pra você
E você nem foi nada pra mim
Tudo está bom assim
Estou muito feliz
Com meus doces, meus filmes depressivos e minhas espinhas no nariz
Isso mesmo, pode ficar bem longe
Porque eu nunca gostei de te ver
Porque nós nunca tivemos nada a ver
Porque eu prefiro ver TV
E comer
Até minha roupa não caber
Até não pensar em você.