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domingo, 25 de dezembro de 2011

Ceia de Natal

O ser humano está sempre querendo superar limites. Nunca estamos satisfeitos com a quantidade de comida que enfiamos no nosso estômago, estamos sempre testando sua elasticidade e capacidade máxima de armazenamento. Enquanto existir capacidade de abrir a boca, existirá espaço para uma fatia de panetone, duas colheradas de arroz com passas, cinco rabanadas, um pedaço de chester...

O problema é que os alimentos ficam na mesa de jantar a noite toda. Então, toda vez que passamos por ela, comemos alguma coisa, como se tivéssemos a necessidade de vê-la vazia. Ou como se estivéssemos estocando comida para um mês inteiro. Foi ao banheiro, pegou um docinho. Foi olhar a árvore, comeu castanhas. Elogiou a mesa, comeu outro pedaço de tender. Ficou sozinho na sala, enfiou uma rabanada, uma colher de farofa, um vidro de patê e um enfeite da mesa na boca.

E sempre existe aquela história de "Será que esse é bom? Vou botar um pouquinho no prato pra experimentar", ou então "Não comi isso ontem, vou ver se é bom mesmo...". É lógico que é bom! E é óbvio que você já sabe disso porque ceia de Natal não muda! Para com essa desculpa esfarrapada e põe logo esse negócio no prato!

E, no fim da noite, a famosa frase: "Comi demais. Nunca mais vou comer assim!". Mentira! Porque, como sobrou bastante comida e ainda há capacidade de abrir a boca, no dia seguinte a história se repete...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Insegurança

Eu costumava ser essencial. Era a pessoa para quem você ligava quando tinha insônia. A pessoa que te ouvia — com ouvidos e coração abertos — quando precisava compartilhar sua dor. Sim, eu tomava parte de suas dores para tirar um peso dos seus ombros. Eu fui quem acreditou no seu sucesso antes mesmo de você sonhar em conquistar o mundo. Mas isso foi em outra época. Quando todos viam como pequena a grande pessoa que eu sempre soube que você era.

Você fez com que eu me sentisse insubstituível. Despertou em mim o desejo de sê-lo. E agora que tudo se ajeitou, não precisa mais de mim, não é mesmo? Afinal, não há mais insônia, nem dor e nem insegurança para conquistar as coisas.

Com sua ausência, eu fui insônia, fui dor e fui insegurança para te conquistar. Para te reconquistar. Fui inseguro a tal ponto que desisti. Até não haver — também para mim — mais insônia ou dor. Insegurança? Não sei. O que você acha?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Bebeu água?

Indo a pé para a academia. Música alta, pose de pessoa saudável, roupas de malhar, garrafinha de água... Muita gente te olha, mas você, ser superior, ignora a existência delas — faz parte da postura, isso é sexy.

Aí você vai pagar uma de gatinha, bebendo água como se fizesse propaganda da Aquarius, e um carro reduz a velocidade para acompanhar o seu desfile. Você dá uma olhadinha rápida para ver se a pessoa é digna de um retorno positivo. É. Digníssima.

Troca de olhares. Sorrisos. Propaganda da Aquarius. Pedestre se engasgando loucamente com a água, tossindo os órgãos, chorando, perdendo o ar, vendo Deus. Motorista chorando... de rir.

Tudo bem! Finge que nada aconteceu! Chega na academia ainda com pose. Sua música alta não deixa você falar com ninguém. Você é intocável.

Começa a alucinar na bicicleta. Ninguém consegue ir mais rápido! Você pega a garrafinha sem diminuir a velocidade do aparelho. Então a tampa abre bem no meio da sua face. No susto, você respira água e se engasga. Se afoga. Tosse os órgãos. Chora. Perde o ar. Vê Deus.

E ainda me perguntam porque eu gosto da academia vazia...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ainda

Eu não devia me sentir assim. O coração batendo forte devia ser coisa boa. A agonia no estômago, borboletas, e não gastrite. Talvez seja a consequência de sofrer calada. Estou tentando me explodir em palavras, enquanto as lágrimas não chegam, para que o estrago não seja feito dentro de mim, dentro de um coração que ainda é bom.

Apenas em palavras escritas que eu posso derramar esse sentimento ruim. Porque não quero afetar os seus ouvidos com frases rudes. Não quero afetar seu coração que ainda é bom, ainda é meu. Ou não...

Não posso simplesmente te dizer o que sinto, porque eu sei o poder que isso causaria em ti. Nos teus olhos. Nas tuas mãos. No teu coração, que não é mais meu. É teu, e de ninguém mais.

Não quero misturar com o amor um sentimento tão terrível como a desconfiança, o ciúme. Não quero misturar minhas lágrimas com o seu sorriso. Não quero misturar meu pessimismo com seus planos. Não quero que minha boca de palavras duras se misture com seus lábios de versos delicados.

E faço isso por te amar. Porque não quero que você sinta essa agonia de abrigar dois sentimentos tão fortes como o amor e o ciúme. Eu sinto isso sozinha, calada. Dentro de um coração que não é mais meu. Dentro do coração que ainda é seu.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cinema Espanhol

"Machado de Assis, escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de 'olhos olbíquos e dissimulados..."

"Machado de Assis, escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da litaratu...". A quem estou querendo enganar? Já li esse prefácio um milhão de vezes e não consigo sair do primeiro parágrafo! Dom Casmurro? Por que estou vendo o prefácio de Dom Casmurro? Do meu livro favorito? Simples. Para ver se o tempo passa mais rápido enquanto eu espero...

Agora estou fingindo ler uma revista de culinária enquanto observo as pessoas na livraria. Nunca me enganei pelas aparências. Quem me viu podia jurar que Machado de Assis era uma novidade para mim, ou que sou uma mulher prendada, dessas que sabe cozinhar de tudo. Nunca imaginariam que já li Dom Casmurro em três idiomas ou que a minha especialidade é ovo mexido. Queimado, obviamente.

Finalmente encontro uma revista interessante. E, como não poderia deixar de ser, sendo eu uma pessoa muito sortuda, estava num lugar de difícil acesso. Mas antes fosse somente a minha baixa estatura. A bendita não só estava na última prateleira, como também ao lado das revistas masculinas.

— Deixe-me ajudar a senhorita - disse um vendedor da loja, me entregando uma revista de uma loira bronzeada.

— Oh, não! Não é...

— Tudo bem, moça. Sem preconceitos - interrompeu e saiu.

Sem preconceitos. Apenas todos os olhares da livraria se dirigindo às minhas mãos. Apenas isso. Amaldiçoei a pessoa que colocou uma revista de cinema espanhol ao lado das de "nu artístico".

— Vai comprar?

— Que? Isso? Ah... Não! Claro que não!

— Nunca se sabe...

— Engraçadinho... Onde você estava esse tempo todo?

— Eu estava aqui. Cheguei mais cedo e dei uma olhada por toda a livraria. Achei uma revista sobre cinema espanhol, ia comprá-la para você, mas imaginei que já a tivesse. Então fui para o piso de cima tomar um café e te encontrei.

— Revista de que?

— Cinema espanhol.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Anemia

Eu preciso de um exame de sangue.

Preciso comprovar uma doença para eliminar outra. Eu preciso que o resultado dê positivo para anemia, e não para outra patologia com a mesma inicial. Porque, se esse frio na barriga, esse tremor, essa falta de ar não forem sintomas de falta de ferro na corrente sanguínea, serão falta de ferro da cabeça no coração. Sim, senhores, estou falando de amor.

Talvez seja só anemia... Mas o que explica sua aparição em todos os meus sonhos e pensamentos? E até em planos!

Estou doente do coração. Arritmia. O pobre coitado batendo num compasso diferente, caminhando muito além da realidade, sempre vagarosa.

Estou doente também dos ossos. O esqueleto que sustentava um castelo, um forte, está falho. E agora faz balançar toda a edificação.

Estou doente da cabeça. Ando perdendo a linha de raciocínio, esquecendo feitos importantes e recordando coisas bestas, como a presilha azul marinho que você usava para prender o cabelo e se aliviar do calor.

Minha doença na cabeça afetou minha fala, sempre estúpida e mais rápida que meu pensamento. Quando dou por mim, já estou te fazendo elogios ou me embaralhando completamente com suas perguntas indiscretas.

Suponho que essa vitamina de A a Z que venho tomando há três meses não tenha efeito algum. Três meses... Foi quando eu comecei a falar direito com você. Que coincidência!

Eu preciso de um exame de sangue. Para comprovar minha sentença final: de saúde ou de minha condição de ser racional. Porque se isso não é anemia, senhores, só pode ser amor.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O que me confunde

Eu sabia no que estava me metendo
Sabia desde o começo, quando eu não queria nada
Fui avisada
Pela minha consciência e por amigos realistas
Tinha acabado de sair de uma desilusão amorosa
Você tinha todos os pré-requisitos
E muito mais
Para que eu me apaixonasse
Sabia que, mais cedo ou mais tarde,
Isso ia acontecer
Eu fui teimosa
Qual o problema de você ter um relacionamento?
É só um detalhe!
Não, não é só um detalhe
É tudo
É o que me impede de ir mais longe
Mais perto de você
É o que me confunde
Se seus sorrisos são amigos
Ou se tentam me seduzir
Se o clamor por minha presença
É por um confidente
Ou por um amante
É o que me machuca
É o que me faz desistir
É o que me faz perguntar
Se um dia vou conseguir
Te amar
E fazer-te amar

Como vai?

Eu costumava criticar esses casais que não largam o telefone. Eu revirava meus olhos, eu suspirava (de ódio) e soltava um riso de desaprovação.

Ficava me perguntando COMO eles conseguiam ligar um para o outro LOGO DEPOIS de terem passado o dia inteiro juntos.

E pra que, meu Deus... Pra que mandar mensagem de boa noite e bom dia TODOS OS DIAS?

Eu sempre te achei linda. Tudo bem, nem sempre. Não na época que você parecia um homem. Mas te olhando, agora, é como se eu sempre tivesse te achado a pessoa mais bonita deste mundo.

E é verdade que eu amo conversar com você. Rir e fazer-te rir, principalmente.

E eu, que ria desses casais apaixonados, que ficava enjoada com tanto mel, estou aqui: te desejando bom dia todos os dias, e bons sonhos todas as noites.

Sabia que ia me apaixonar, porque você é especial, diferente de todas as pessoas que já conheci.

Só não sabia que ia me apaixonar a ponto de querer saber como foi sua aula de Introdução à Teoria da Literatura. Querer saber o que você está almoçando. Ou até mesmo como ficou aquela sua amiga do Ensino Médio que terminou o namoro recentemente.

Não sei explicar essa necessidade besta que eu tenho de querer saber da sua vida.

E aqui vou eu, levando ao pé da letra a frase "como vai você?".

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cê Cedilha

— Preciso desabafar...

— O que houve?

— Está tudo errado. A empresa onde eu trabalho foi à falência, estou desempregada. Cheguei atrasada na Universidade e perdi a prova de reposição, o que me deixa automaticamente atrasada um semestre, porque essa matéria é pré-requisito para todas as outras. Meus pais me expulsaram de casa porque descobriram que sou homossexual. Fui me consolar com uma amiga e minha namorada ficou louca de ciúmes quando me viu abraçada com ela e terminou comigo. Eu ia ficar na casa dela por um tempo até arranjar um lugar para morar, por isso deixei todas as minhas coisas lá. Agora estou sem emprego, sem teto, sem namorada e só com a roupa do corpo.  Preciso de uma palavra de consolo...

— Forca!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estrabismo

— Só porque não olho diretamente nos olhos dela não significa que eu a ame. Eu posso sofrer de estrabismo.

— Significa sim.

— E como você tem tanta certeza?

— Você me olha nos olhos agora, e eu sou apenas seu grande amigo.

Silêncio.

— Que houve?

Silêncio.

— Para de olhar para minha orelha e me diz logo o que houve!

— Estou olhando para seus olhos agora.

Desnecessário

   Não conseguir fechar os olhos, sem imaginar que será enganada. Não conseguir olhar o seu com o outro sem imaginar milésimas intenções. Ver maldade em gestos simples. Ver promiscuidade na tentativa de toque. Morrer por dentro. Medo de perder. Mas perder o que? Não existe posse de alguém. As pessoas são do mundo e não nossas. Não é sua. É minha. Não.

   Ver no desnecessário o lado ruim. Porque essa palavra, desnecessário, deveria ter um significado bom. Eu abri a porta para você passar, mesmo sendo desnecessário. Eu liguei para te dar bom dia, mesmo sendo desnecessário. Eu disse que te amava, mesmo que não seja necessário que eu te diga isso, porque o mundo inteiro já o sabe. Mas o desnecessário tem essa conotação negativa porque sempre parte dos outros. Como se tudo o que fizéssemos tivesse um motivo, uma razão de ser. Uma necessidade de acontecer.

   Não tinha necessidade alguma eu me sentir assim, desconfiada de tudo. Insegura com tudo. Mas eu não escolho, é genuíno.

   O ciume é desnecessário. Assim como o amor que te tenho. Não tem porquê. É sem querer. Sem precisar existir. Mas existe. É desnecessário.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Meio

Tenho que procurar
Alguém que seja só meu
Que tenha um passado
Do qual já se esqueceu
Cujos ex-amantes
Sejam apenas bons amigos
E que não tentem nunca
Disputá-la comigo
Se não se importar,
Eu só queria
Que saísse do caminho
Se eu insistir em ti
Terminarei sozinho
Não é que não sejas
Boa pra mim
O problema é sê-lo para tantas outras pessoas
E eu odeio, mas preciso
Desfazer-me disso
Afastar-me do que gosto
Porque te quero,
Mas só pra mim
E não quero ser o motivo
Não quero ser a pessoa
Que atrapalha teus outros relacionamentos
Não quero ser a pedra no meio do caminho
Eu quero ser o meio
O início
E fim.

Advertência

Certa vez me perguntaram: "pra quem você fez esse poema?". Respondi: "pra mim, oras!". Olham-me com cara de "sério, Mariana, pra quem?" toda vez que respondo isso. Não é uma resposta evasiva, eu, realmente, escrevo pra mim.

E a criatividade do autor, como fica? Por que ninguém acredita que um texto foi inventado, e não inspirado em algum acontecimento da vida real? Eu minto tantas vezes para os meus amigos, por que eu não poderia inventar um texto? Brincadeira, lógico.

Alguns textos são, sim, inspirados em pessoas especiais para mim. Mas vocês nunca irão saber.

Isso é uma advertência, apenas. É bem possível que haja alguma coisa para você, mas pode ser inventado. Então, por favor, não me perguntem "pra quem é esse poema?", porque eu não direi.

Obrigada.

Ps: que engraçado eu usando vocativos como "você" e "leitor" sendo que eu criei o blog hoje, né?

Vinte e Oito de Novembro

   Enquanto eu terminava de lavar minhas mãos no banheiro, antes de me sentar à escrivaninha de meu quarto e desembestar a escrever, pensava em como ia começar este texto que agora surge. Não sei se devo iniciá-lo pela última coisa que me ocorreu hoje ou se pelo primeiro raio de sol, que veio anunciando um dia inesquecível — não sei se bom ou ruim, mas marcante, é fato. Só sabia de uma coisa: escreveria sobre hoje.

   Agora, comendo um petisco artificial e, mais uma vez, estragando minha dieta que tivera início há uns quatro anos, acabo de perceber uma coisa: o parágrafo anterior não deixou de ser um início.

Vou começar pelo princípio, falando em Machado de Assis — eu, prepotente, comparando meu estilo ao de um dos maiores autores da literatura brasileira. Brincadeira, obviamente. Pois foi com Machado que meu dia teve começo.

   Tivemos que ler Memorial de Aires para fazer uma prova de Introdução à Teoria ds Literatura às oito da manhã. Terminei de ler o livro meia hora antes de a aula começar. Para a infelicidade — e não surpresa — de todos, a prova estava dificílima. O professor cobrou detalhes dos quais até o próprio Machado de Assis se esqueceria! Normal. Coisas de Sobral.

   Breve pausa para lamber meus dedos, completamente sujos de farelo do que restou de meu lanche.

   Onde eu estava? Ah! Na UnB!

   Pois fomos as quatro — Bárbara, Kamila, Thaís e eu — para a cafeteria do Pavilhão João Calmon depois da bendita prova. Precisávamos terminar de montar nosso seminário de Introdução à Linguística. Rimos muito, como é costume nosso, mas isso não vem ao caso. Não que esses momentos felizes não sejam importantes, ao contrário! Mas já os guardo com um sorriso no rosto e paz no coração. Acontece que, hoje, quero guardar no papel apenas as desgraças e desventuras. Veio-me esse desejo.

   Assim que chegamos à sala, fomos informadas de que não havia caixa de som. Adivinhe: nosso trabalho era metade vídeos. Deus, com piedade de nós, iluminou-me com uma lembrança: o pai de Thaís trabalha com internet na UnB.

   Correndo — da chuva e contra o tempo — chegamos à sala de informática e conseguimos as benditas caixas de som.

   Apresentamos o trabalho. Arrasamos, modéstia à parte. À parte nada! Modéstia ausente. Fomos, sim, o melhor grupo.
  Ao final da aula, recebo uma mensagem de texto da minha irmã: "Minha mãe esqueceu o celular em casa. Ela vai te pegar no ponto de ônibus."

   Como se existisse apenas um ponto de ônibus!

   Xinguei, óbvio. Xinguei muito. Praguejei. Amaldiçoei. Quase chorei. Vi... Uma chamada perdida de um número desconhecido. Era a amiga de minha mãe, me dizendo que esta me esperava no Mc Donald's, e não no ponto de ônibus, como afirmara a acéfala da minha irmã.

   Xinguei novamente.

   Ônibus nenhum passava. Num lapso de ódio e de "tenha pena de mim", liguei para meu pai. Ele não podia me buscar. Sugeriu que eu instaurasse o Comunismo nos Estados Unidos. Mentira, sugeriu que eu pedisse um taxi para minha mãe pagar, que é quase a mesma coisa. Deus, mais uma vez com misericórdia de mim, fez com que um ônibus parasse — felizmente, o que chega à L2 Sul sem passar pela Esplanada.

   Minha mãe não reclamou dessa vez. Também não havia sequer meia razão para culpar-me.

   Cheguei em casa, comi horrores e, não, não irei à academia. Foda-se.

   No ônibus, escrevi umas notas e pensei em escrever este texto. Já me dá preguiça...

   "Renuncio ao conforto dos bons sapatos em troca de uma boa noite de sono". Foi o que escrevi, referindo-me a minha tão sonhada saída de casa — quando irei abrir mão do conforto físico e material para buscar o conforto da alma.

   Era o que eu pretendia: fazer um texto sobre minha liberdade. Mas esqueci que sou preguiçosa. E quero entrar no chat e ver se falo com alguém.

   Considere isso um texto, leitor.

   Leitor... Quem lerá isso senão eu mesma?

Para Minha Amiga Natuzza

Natuzza,

Eu acho bom você ler esse blog todos os dias e sempre fazer um comentário, porque foi por sua causa que criei isso aqui.

Te amo.

O Porquê do Título

Já faz um tempo que muitas pessoas me pedem para fazer um blog. Sempre adiei essa tarefa por ser extremamente preguiçosa. Mas, ontem, ao escrever sobre meu dia, me veio essa vontade de registrar alguns textos meus.

Passei a noite inteira pensando em que nome daria ao meu blog. A noite inteira é exagero, já que durmo antes mesmo de deitar na cama. Mas, enfim, passei um tempo razoável pensando nisso. Tentei me inspirar nos blogs de algumas amigas minhas, todos com nomes fortes ou meigos. Então percebi que, se escolhesse um título semelhante, eu não estaria sendo fiel à minha personalidade. E já basta dessa história de fingir ser outra pessoa.

Por isso, leitor, (se é que alguém vai ler isso aqui)é que meu blog se chama O Meu Blog Não Tem Nome Bonito. Porque eu não achei nome melhor para representar minha preguiça de criar esse tipo de coisa.