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domingo, 27 de outubro de 2013

Clima Estranho

Que bom!
O Clima Estranho foi embora!
Já estava na hora!
Ou melhor,
Já tinha passado do horário
Até pus a vassoura ao contrário!
Quem foi que deixou ele entrar?
Existe entrada à francesa?
Quando vi, ele já estava cá na mesa
Atrapalhando nosso jantar
Atravessou os nossos beijos
E embaralhou nossas palavras
Quando tudo devia ser justamente o contrário:
Beijos que embaralham
E palavras que atravessam
Até na nossa cama ele foi deitar!
Se mexeu tanto, que fui parar no sofá
O Clima Estranho pegou no nosso pé
Amargou nosso café
Deixou nossas línguas escuras
E nossas palavras duras
Mas que bom que o Clima Estranho é distraído!
Um descuido seu,
Seu plano perdido:
O meu olhar te cumprimenta
E o Clima Estranho se lamenta
De não poder fazer mais nada
Não há quem possa com uma pessoa apaixonada!
Então tudo volta ao normal
E o Clima Estranho vai-se embora
Vai encher outro casal

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Tudo bem atravessado

Tudo começou com um “tudo bem” atravessado
Que é muito pior que um “tudo péssimo” declarado
Eu só queria dizer que te amava,
Mas deu errado
Onde ativa a função
De entonação do teclado?

sábado, 19 de outubro de 2013

Quase

Só há uma coisa pior
Que ter de levantar cedo da cama
Num dia frio:
É ter que te dar meio abraço
Meio beijo
Meia noite
Meio amor
Meio triste demais
Há sempre um meio
Há sempre algo no meio
Ai, esse destino preguiçoso!
Que deixou nossa história por escrever
Que tirou a glória de ser único do ponto final
Transformando-o em três
Quantos gerúndios hei de juntar
Para conseguir um particípio?
E quantas lágrimas hei de derramar
Para, quicá,
Alcançar um futuro?
Um futuro mais que perfeito
Um tempo que não existe
Mas nos toca o imperativo
Negativo
Com o dedo em riste
Dos advérbios,
Os de intensidade
De beijos
E saudades
Os de negação
Para desilusão
E uma palavra denotativa
Que mal advérbio é
Aquela que pega no nosso pé
Mais poderosa que um não
Mais misteriosa que um talvez:
Quase
Quase nossa vez

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quer saber?

Quer saber?
Eu gosto SIM de você
Semana passada eu disse
Que era cedo demais pra dizer
Mas ai de mim!
É igualmente cedo
Pra dizer que já não penso assim
Quem seria louco de deter
Os impulsos de beijos
Que tardaram tanto pra acontecer?
Durante muito tempo busquei explicação
Mas o sentido disso tudo
É como o "X" de uma equação
Ou seja:
Nada que uma letrista veja
Mas eu não quero nada além
Que seus olhos de café
Nos meus de mel
Eu só quero você, meu bem
"QUEM É ESSAZINHA NO SEU CEL?"

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Consciência de minhas pernas

Que é que a chuva lava além da sujeira da janela? Dizem que lava a alma, mas não sei se me fio...

Que é que a lágrima lava além de sujeira de remela? Lava o rosto da moça que chora um rio.

Eu queria poder sentir tudo isso. A chuva e a lágrima. Mas meu coração é como meu cabelo rizado que não deixa o choro do céu penetrar minha cabeça...

Queria ter consciência deste momento como tive consciência de minhas pernas. Sim, de minhas pernas. Programei-me para andar até o trabalho todos os dias. Fiz que não ouvi o cansaço e a anemia. Um dia, porém – olhando para meus sapatos caros, mas quase rotos – tive consciência de minhas pernas. Percebi sua fragilidade e perguntei: “Senhor, que é que me sustenta?”. Nada. Parei de andar e me ajoelhei...

Eu sou o Sísifo que não desceu.

Grita mais alto, amor meu...

Que eu não escuto bem, esqueceu?


Ps: Para o Papa Francisco

domingo, 8 de setembro de 2013

Estamos Quites

Você me enche
De tremeliques
Seus olhos reluzentes
De conjuntivite
E um perfume sem limites
De aguardente
Mas tão ardente,
Que transpassa sua boca sem dente
E vem arder nos meus olhos
E no meu nariz
De rinites

domingo, 14 de julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sobretudo

"Ninguém usa sobretudo hoje em dia"
"Eu uso! Amo roupas de inverno!"
"Eu estava me referindo ao advérbio..."
"Ah"

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Haicai de seu perfume

Seu cheiro está grudado em mim
E ainda vive

É pior do que gordura de quibe

Analfabeta de entrelinhas

Meu amor,
Como não ver
O que está tão claro?
Até meu avô
Que teve um AVC
Disse “eu reparo”
Até quando vai ser assim?
Eu olho pra você
Você olha pra mim
Sim, eu olho na sua direção
Não é uma ilusão
Não há quem se engane
Não precisa de Yamani!
A gente sente
Mas sempre mente
E sempre por medo
Sempre em segredo
Só queria que você fosse capaz de entender

O que não tenho coragem de dizer

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Nostalgia

Fui procurar uma saia antiga
E me deu saudade da Bahia
Senti falta até do que não devia...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pernilongo

Não satisfeito em ter me picado
E ter feito eu me coçado
Como se alguém tivesse jogado
Pó de mico em mim,
Foi lá no meu ouvido
E zumbiu sem fim
Meu querido,
Quando eu te encontrar,
Morte cruel terás
Tens dez segundos para parar
Não me faça comprar
Uma raquete elétrica
Não sou histérica,
Mas o aviso tá dado:
Bico calado
Ou bico quebrado
Boa noite

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Fui procurar uma foto e encontrei um velho amor

Vi a foto que um amigo meu postou de uma criança tomando picolé e lembrei que tinha uma muito parecida de quando eu era criança...
Entrei no meu e-mail para procurar a foto e enviar para esse meu amigo, que está de viagem pelo Sudeste Asiático.
Nessa infinidade de e-malis, achei conversas do passado. Textos do passado. Amores do passado... Um sentimento que eu não queria que tivesse passado.
Eu fui procurar uma foto e encontrei um velho amor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Para Lucinha


Lucinha,
Fui seguir seu conselho de fazer aquelas comidas criativas pra ver se a Gabi se alimentava melhor.
A menina tá chorando até agora, se sentindo um monstro porque comeu a cabeça do coelhinho que eu fiz com ovo, cenoura e presunto.
Deu vontade de rir no começo, mas estou há duas horas tentando explicar pra ela que era só comida.
Se minha filha virar anoréxica ou vegetariana, você me paga, Lucinha!
Obs: mande mais daqueles seus cookies caseiros.

Querido Estômago

Querido estômago,
Acabei de almoçar.
Não sei o que o senhor está reivindicando, mas não pode ser comida.
Cale-se e só volte a falar comigo em duas horas.
Grata,
a proprietária.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

sábado, 26 de janeiro de 2013

Eu tenho medo de enjoar de você

Eu tenho medo de enjoar de você
Como das músicas que ouço mil vezes
Até não poder mais
Como quando me sirvo de uma porção exagerada do meu doce favorito
E juro nunca mais comê-lo
Como quando vejo um bom filme pela décima vez
Quando peço, todo domingo, frango xadrez
Quando me encanto com uma blusa e compro três
Quando escuto outra história de "Era uma vez"
Quero você em pequenas doses
Demasiado mel pode fazer mal
O belo massificado se torna normal
Quero sentir falta de estar com você,
E não de estar sozinho
Eu quero um grande amor,
Mas só quero um pouquinho

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sabão Exímio (paródia de Canção do Exílio)


Um terno e as meias do Palmeiras
Uma camisa de poá
As aves que o varal rodeiam
Que voem para lá

Conceição, a ver estrelas
Anastácia a chorar dores
Socorro é mais contida
Aparecida de amores

Pra lavar, melhor à noite
Não há ninguém pra espiar
O segredo das lavadeiras
Que só sabe o sabiá

Nesta terra tem rumores
Sobre o tal jeito de lavar
Para que lavar de noite
Sem o sol pra ajudar?
Sorriem as lavadeiras
E começam a cantar:

“Não permita, Deus, que chova
Com as roupas pra secar
Traz o aroma das flores
Para as roupas perfumar
E que só entenda as lavadeiras
O sábio sabiá”